- Antonio Pardo - Setembro de 2019

- Antonio Pardo - setembro de 2019 


Este mês de setembro, "A Entrevista (de)Vida)" antecipa a vinda a Portugal do professor Antonio Pardo, que na sessão de formação sobre Ética Médica apresentará o tema "A deontologia médica e a lei natural".

Com esta breve conversa à distância não quisemos objetivamente antecipar a reflexão sobre a temática que estará em destaca nesta conferência, até para criar interesse e curiosidade!

Apenas quisemos conhecer um pouco melhor este orador espanhol, filósofo, médico e professor associado da Unidade de Humanidades e Ética Médica da Universidade de Navarra/Espanha.


Com que sentimento recebeu este convite da AMCP para vir a Lisboa no próximo dia 19 de outubro apresentar uma conferência?

Convidou-me o padre Miguel Cabral, assistente espiritual da AMCP, com quem colaborei com um capítulo para o livro "Reflexões sobre Ética Médica". Ele procurava um possível escritor e acabou por entrar em contacto comigo. Os editores devem ter gostado da minha colaboração. Espero que minha intervenção no dia 19 de outubro também seja enriquecedora para os participantes.

Já estive no Porto em ações relacionadas com a Bioética, mas nunca em Lisboa e tenho um grande desejo de conhecer a cidade; recordo uma imagem de fundo a Torre de Belém, linda.


O seu vasto currículo destaca que é médico, filósofo e professor nas áreas da bioética. Como é o seu dia a dia?

Quando olho para trás, vejo que muitas das minhas publicações começam com enjoo (enojo) de conceções que me pareciam erradas e isso dá-me energia para escrever um texto em poucos dias, embora depois precise de aperfeiçoar o resultado inicial. Mas nem sempre estou ocupado com alguma coisa e a escrever: mantenho uma página na Internet com material de bioética na Universidade de Navarra; também participo do Grupo de Ciência, Razão e Fé da Universidade, onde também mantenho a web; ensino bioética a alunos de mestrado e lecionei ética profissional para as licenciaturas da área das ciências. Nunca me canso. Trabalho, isso sim, sempre sobre questões interdisciplinares, que integram temas científicos e humanísticos


Atualmente preside ao Comité de Ética para la Experimentación Animal de la Universidad de Navarr. Em concreto, que assuntos/problemáticas/casos trata e quais os objetivos deste Comité?

No Comité procuramos a qualidade ética da pesquisa, orientando os pesquisadores que se dedicam à investigação. Atualmente, a questão é altamente regulamentada por uma recente diretiva europeia, que os países tiveram que transferir para as suas leis. É uma pena que nessa diretiva e na lei correspondente, pelo menos em Espanha, a questão seja abordada do ponto de vista do bem-estar animal. É uma questão importante, mas não a principal. O mais necessário é que os pesquisadores mantenham sua sensibilidade ao sofrimento dos animais, uma questão que terá um impacto no tratamento adequado das pessoas. Isso é mais importante do que os animais considerados em si mesmos.

E, é claro, tentamos fazer uma investigação com a qualidade científica adequada: com o número de animais necessário para obter resultados úteis posteriormente para os pacientes, para que a abordagem teórica seja adequadamente baseada em dados comprovados, para que se sigam as etapas necessárias para evitar vieses nos resultados, que esses resultados sejam bem comunicados, etc. É um trabalho de docência que, aos poucos, dá os seus frutos, e os próprios pesquisadores agradecem a ajuda que lhes oferecemos.


Teve acesso ao programa completo da jornada de formação. Destaca no programa outro(s) tema(s)/conferência(s) pelo qual tenha especial interesse ou curiosidade?

Tenho que confessar que não sei muito sobre o mundo português da bioética. Como o idioma de referência para quase tudo hoje é o inglês, recebo muito mais dados desse campo cultural. Olhando para os títulos das intervenções que o programa anuncia, em alguns casos o assunto que eles discutirão é claro, mas em outros casos gostarei de ver qual a abordagem adotada, como na intervenção do Dr. José Fonseca Pires ou do Dr. Filipe Almeida.

Gracias y hasta pronto en Lisboa, profesor Antonio Pardo!