Abusos sexuais na Igreja Católica. O que se espera agora da Igreja?

Após a apresentação do relatório, sentimos dor, perplexidade e vergonha. 
 
Agora, o que esperamos da Igreja é que, depois de uma reflexão mais tranquila, com uma consciência muito clara do que aconteceu e pode continuar a acontecer, assuma com coragem o que é necessário fazer.
 
1 -  Assuma a dor das vítimas como sua dor.
 
2 - Providencie o seu acompanhamento ou tratamento se necessário, com solicitude e ternura. 
 
3 -  Interiorize que o encobrimento não se pode repetir e constituiu falta muito grave. 
 
4 - Conheça melhor os candidatos ao sacerdócio através de avaliação e acompanhamento psicológico cuidados.  Seja exigente na seleção. É importante conhecer o perfil do abusador, a sua história e a sua perturbação. 
 
5 - As suspeitas que agora são públicas, sobre sacerdotes no ativo, têm de ser esclarecidas com prontidão. Esse será igualmente o sinal que esperamos da Igreja. 
 
6 - Somos leigos empenhados e como médicos católicos fazemos parte da Igreja com responsabilidades que hoje sentimos acrescidas.  Disponibilizamo-nos para contribuir para uma bolsa de profissionais de saúde (psiquiatras, pediatras, ginecologistas, entre outros) que acompanhe as vítimas se necessário.
 
Finalmente, porque somos Igreja, vemos neste tempo uma oportunidade de depuração. Junto da dor e da vergonha, acreditamos que é possível reencontrar a esperança.
 

Direção Nacional da Associação dos Médicos Católicos Portugueses

Fevereiro de 2023