O Natal está próximo e é importante que nos preparemos para contemplar com olhos de fé o mistério de um Deus que vem ao mundo. No Menino de Deus nascido num presépio manifesta-se a nossa salvação, sentimo-nos amados e acolhidos, descobrimos que somos únicos aos olhos do Criador.

A Encarnação do Filho de Deus ajuda-nos a tomar consciência do valor da vida humana, desde o momento da conceção até ao seu ocaso natural. Mais ainda, que somos chamados a viver como filhos de Deus aqui na terra e depois a uma eternidade com Deus, no Céu. Jesus disse: “Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10), mas os homens resistem-se a acolher essa vida que Ele nos oferece. São tantos os sinais de escuridão neste mundo: as guerras, a crise de valores e na família, os atentados contra a vida humana, as ideologias contrárias ao plano de Deus para o homem, a crise de fé...

Mas não estamos sozinhos. Naquela pobre gruta de Belém, acendeu-se uma Luz de esperança que continua a iluminar todos os que O queiram receber: “o Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina (…) a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 11-12).

Vamos começar um Ano Jubilar, uma graça extraordinária que a Igreja nos concede viver. A esperança é a mensagem central do Jubileu, mas não uma esperança qualquer, a esperança que não engana porque está fundada na certeza de que nada nem ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino, uma esperança que não cede nas dificuldades, porque se funda no amor que brota do Coração de Jesus (cf. Papa Francisco, Bula da misericórdia, Spes non confundit, n. 3). Quer a Igreja que o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança.

Como podemos fazê-lo? Temos de pôr os olhos em Belém. Dali vem a luz de esperança que precisamos para viver com sentido de eternidade, com a convicção de que vimos de Deus, somos de Deus e vamos para Deus. E que, se as possibilidades da técnica ao serviço da medicina nos maravilham, não nos podem ofuscar ao ponto de desrespeitarem o plano de Deus para o homem; que nem tudo o que é tecnicamente possível é eticamente aceitável. Aos médicos católicos e a todos os homens de boa vontade a Igreja pede que sejam testemunhas dessa luz de esperança. Não uma luz qualquer, mas uma luz ao serviço da Verdade e da Vida.

Que a sabedoria divina nos ilumine. E para estar à altura dos desafios éticos contemporâneos precisamos de conhecer a doutrina da Igreja. Aqui fica a sugestão para este novo ano: ler a carta Samaritanus Bonus, tão importante para os médicos mas ainda tão pouco conhecida, e ler a Bula de proclamação do Jublieu Ordinário do Ano 2025 Spes non confundit (se quiserem um resumo do documento podem ouvir aqui uma conferência que dei recentemente).

A todos desejo um Santo Natal e um Ano Jubilar com todas as bênçãos do Menino Jesus,

Pe. Miguel Cabral
Assistente espiritual da Associação dos Médicos Católicos Portugueses

Fotografia: Detalhe do Presépio do escultor português Machado de Castro / Créditos: GetLisbon